“ Naquela noite o baile seria para muitos um marcante reencontro e para alguns a oportunidade de se fazer presente na reunião que desencadearia muita dor e sofrimento.
Logo que a noite se fez presente o baile deve início, chegavam pessoas de toda as partes da cidade, ávidas pela comemoração. Foi neste festejo que adentrou a linda Clara, com seu vestido azul, um lindo colar de pérolas, usando um simples par de sapatos brancos, com o seu cabelo preso para trás, pôs a guiar-se com maestria para dentro do salão.
Sentou-se, como era de costume, com os seus pais que logo avistaram a família de Rodolfo, pois haviam escolhido mesas próximas.
Logo que Clara entrou foi como se uma luz tivesse se feito brilhar em todo o salão, deixando apenas visível a sua leveza e beleza, foi assim que Rodolfo sentiu em si a emoção do reencontro, não mais por meio do pátio da escola, mas em um baile, no qual as lembranças de outros tempos se faziam mais vivos.
Clara experimentou rara emoção quando viu tão próximo o querido Rodolfo, pelo qual já nutria um sentimento peculiar de carinho, daquele tipo de quem quer cuidar do outro, ser para o outro o seu porto seguro.
Ambos estavam revivendo emoções já experimentadas em outras existências, pois se tratava de um reencontro de almas afins, que já estiveram juntas em outras viagens pelo tempo e pela matéria, em aprendizado no educandário da vida.
Ana Maria pouco depois chegou ao baile, não com o seu costumeiro olhar de desdém, demonstrando com toda a sua beleza, sua elegância, mas sim com a fisionomia triste, pois estava abatida com o falecimento do pai, bem como que estava hoje naquele lugar não para comemorar, mas sim para tratar de negócio, assumindo, ainda que em tenra idade, a liderança de sua família.
Mauro adentrou no salão com toda a pomba que exigia a ocasião do recebimento de seu ilustre pai, interventor que agiria na região em nome do governo federal.
Foram aplaudidos e após breve discurso, ao lado do prefeito, o ilustre visitante foi ovacionado pelos presentes.
O lindo baile teve inicio, começando com o um jantar com pratos típicos da região e sobremesa feita por ilustres esposas daquela cidade em homenagem ao visitante.
Após o jantar teve inicio as conversas entre as famílias e uma famosa banda passou a tocar as musicas americanas ouvidas nesta época.
Foi em uma destas músicas, cujo ritmo romântico embalava muitos corações, que Rodolfo, embora acanhado, pediu a Clara que lhe concedesse uma dança.
Clara sem nem mesmo conseguir controlar o batimento de seu coração, por causa de pedido tão inesperado, colocou-se em pé e estendeu com toda doçura a sua mão ao cavalheiro concedendo a este a sua pedida dança.
Aqueles dois jovens, de corações tão bons, colocaram-se no meio do salão e apenas pela troca de olhares sabiam em que posição e por qual toque estariam hábitos a dançarem.
Sentiam que não era a primeira vez que estavam juntos, dançando com leveza uma música que embalava os seus corações.
Por breves momentos seus olhares se cruzaram e por segundos estiveram parados um diante do outro como a dizer como era bom te reencontrar.
Naquela noite renascia em seus corações o amor de outras existências, que estaria para com eles por toda a presente encarnação, embora muita luta ainda houvesse que ser travada até que certa paz lhes permitisse viver aquele sentimento recíproco.
Enquanto a música embalava os corações desses dois jovens, Ana Maria estava sentada em uma grande mesa oval juntamente com outros chefes de famílias ilustre, em conversação com o visitante, sendo que ao lado deste estava o jovem Mauro.
Pois assim bem, aquela noite ainda traria aos nossos amigos muitas surpresas, algumas desagradáveis.”