quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A nossa conduta com as falhas e os defeitos do próximo - lições da espiritualidade.




“A causa de muitos males de ordem social resulta da descrença gerada pela perda sistemática da cautela e da prudência no trato entre os semelhantes, visando muito mais o triunfo do seu ponto de vista do que da prevalência da verdade em todas as instâncias.

Isso se deve ao fato de que ainda estamos enraizados em bases de orgulho que nos cega a visão exata do comportamento do próximo, conosco e com as causas que lhe são peculiares. 

Preferimos apontar o cisco que impede a visão do próximo do que a trava que nos torna cego diante da verdade.

Para que estejamos de fato habilitados a um juízo quanto a este ou aquele comportamento é indispensável que sejamos juízes de nos mesmos, sabendo que a primeira reprimenda será sempre para a nossa própria atitude, visando assim um comportamento mais condizente com a circunstância. 

Quando estamos diante de um desafio acerca do que esta ou aquela semelhante pensa, com a sua maneira de agir em relação a esta ou aquela situação, a verdadeira conduta que nos conduzirá ao acerto é de ser para com o nosso irmão tolerante e benevolente, sabendo que existe em si, uma luz que seja de paz e amor.

A verdadeira razão de ser das dificuldades é de educar a alma para o julgamento severo de suas próprias imperfeições, visando a melhora íntima que o conduzirá a superação.

Por isso é que as maledicências com que algumas pessoas preferem tratar o seu semelhante é fruto de um descaso com a sua própria consciência, que manda velar pela sua conduta em relação àquele que está com ele em situação de franco aprendizado, não podendo, por orgulho, se colocar em posição de professor implacável.

Aquele que visa auxiliar a melhora do próximo precisa antes de qualquer coisa de ternura, de generosidade, retirando de si tudo aquilo que o impede de perceber o verdadeiro brilho da alma amiga. 

Olhar para os defeitos que o outro possui é nutrir ainda mais a permissividade diante da dor que lhe causa as falhas cometidas. 

Para que estejamos realmente à altura de saber que este ou aquele irmão não possui esta ou aquela virtude precisamos antes perguntar a nos mesmo se estamos em nível de instruir e não de aprender. 

Aquele que se julga o juiz de toda a causa, capaz de impor a este ou aquele a pena da repreensão severa não conhece nem mesmo a benevolência e generosidade cristã, que ensina que devemos ser amáveis e tolerantes uns com os outros, pois assim amaremos o próximo como a nós mesmos. 

Para a perda desta faculdade de ajuizar em relação ao próximo toda a severidade de julgamentos por suas boas ou más condutas devemos saber que estamos no mesmo barco, ou seja, ainda não somos instrutores, mais alunos, que como em uma escola, precisa do auxilio amigo para o aprendizado adequado da lição que se quer passar.

Somente assim estaremos, ao final, habitados a uma nova era, de mais prosperidade, inclusive moral e intelectual.

Não será fugindo da sabatina diária, dos desafios gerados pelo convívio, pela crítica do amigo, pela falha apontada em nossa direção, que estaremos habilitados a renovação, mas sim pela conscientização de que é preciso melhorar, e muito, os vícios que ainda nos impedem a visão correta de si mesmo. 

Irmãos de ideal cristão lembrem-se do Cristo e sejam os missionários da educação, sabendo que estamos, como ovelhas, sendo conduzidos em direção ao bom caminho, à verdade e à vida, mas com o triunfo adquirido do livre arbítrio, que nos permite agir e pensar livremente, mas que não nos livra das consequentes consequências. 

Por isso quando estiverem comentando ou apontado este ou aquele defeito do próximo, pare e pense em seus próprios, e verá que, por vezes, devia ser curvar diante da melhora que ainda não foi capaz de alcançar. 

Aprender com aquilo que o próximo faz e nos causa grave repercussão, faculta o aprendizado de ser amanhã melhor em relação ao mesmo fato, mas não nos habilita a ser com ele o juiz de suas ações, tornando-se o julgador implacável de suas próprias razões.

As leis dos homens nos impedem de agir com o ímpeto de vingança ou mesmo de exercício arbitrário das razões, justamente por uma construção natural da sociedade de respeitar mesmo aquele que nos causa grave comoção, pois muitas vezes é um doente da alma e como tal será, gradativamente, tratado, por aquele que o criou, nosso bom e generoso Deus. 

Assim não se percam no caminho da gravidade que pune o próximo, ainda que a maledicência seja o mal escolhido, mas aquele que sabe que o erro nada mais é do que a necessidade de acertar pela opção da dor que acarretará, cedo ou tarde, o arrependimento arrebatador da própria falha. 

Meus irmãos amem-se acima de tudo, e antes de ser aquele que aponta o dedo indicador com toda severidade, seja aquele que verá que ainda não se livrou dos demais apontados para sua própria direção.

Que o amor seja a nossa bandeira, hoje e sempre.

Que assim seja.

Da amiga Ana.

Acompanhada por Pedro Paulo”

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