terça-feira, 5 de agosto de 2014

A vida continua - a bagagem que levaremos.




“Que o Cristo esteja em todos os corações generosos, para que possam guiá-los no temperamento sereno e benevolente para com os semelhantes.


Quando pude sair da matéria, pela porta do desencarne, que chegou para mim como uma luz libertadora a me guiar para a morada na qual hoje eu me encontro, senti enorme alegria ao confirmar que nada acaba, mas apenas mudamos o nosso endereço, sem mais o peso do corpo que antes habitávamos. 


Irmãos que militam na fé cristã saibam que nada acaba com o fim da vida corpórea, mas apenas nos libertamos das travas que nos impede de sair no envoltório que nos serve de morada.


Digo isso com todo respeito ao corpo que me serviu de morada, o qual por muito tempo eu amei e que hoje retorna ao seio da mãe natureza, que soube com a sua generosidade emprestá-lo a mim pelo tempo que necessitei.


Soube quando sair do corpo que já não mais me encontrava em vida material e isso eu devo aos méritos que pude acumular ao longo de minha existência, que embora sejam para mim poucos e pequenos, foram, graças a deus, suficientes para me permitir deslumbrar a realidade que passei a viver.


Em vida muito ouvi sobre a vida que vem após a morte física, mas nem sempre fui capaz de compreender esta realidade em seus mais complexos detalhes, pois apenas deseja ver para crer quando a hora me levasse para fora do veículo corporal.


Mas não é assim que devemos viver, pois a realidade física que existe após o desencarne, quando a matéria liberta o espirito que lhe habita, trazendo-o de volta a sua verdadeira morada, se já é bem compreendida impede muitos males e surpresas, algumas vezes até desagradáveis.


Meus amigos aos deixarmos o corpo nós encontramos do outro lado a mesma realidade física, ou seja, há matéria, menos densa, mais sutil, que por muitos não é perceptível, e caminhamos diante da vida, agora nitidamente espiritual, com os traços que nos são dados pela sutileza do períspirito, que reflete em si como que uma pintura de nossa última vestimenta.


Deste lado continuamos sendo a mesma pessoa que quando éramos quando encarnados, pois na verdade passamos, apenas, a nos denominar desencarnados, nada mais.


Desencarnado é apenas aquele que já deixou para trás a carne, o corpo notoriamente físico, em sua densidade característica e necessária.


Aqui, deste lado, vemos e ouvimos nossos amigos, que são ligados a nós por laços, como os daí, de afinidade e afetividade.


Aqui, o dia passa e traz ao seu fim o raiar da noite que nos abrilhanta com as estrelas e a luz da paz do Cristo que esbanja através da constelação toda a sua riqueza e brilho. 


Ao deixar o corpo físico trouxe comigo a bagagem do que fui, ou melhor, continuo hoje sendo a mesma pessoa, com os mesmos vícios e qualidades, somente perdi, por completo, aquele medo terrível que tinha da morte, pois hoje tenho a certeza de que tal “mal” não existe, o que há é vida, e muito.


Hoje caminho por lindos bosques, que antes, outrora, acredito que não notava com a mesma alegria aqueles que por tantas cidades existem.


Um dia desses encontrei um velho conhecido, que retornou a esta morada antes de mim, por um desligamento até mais rápido e sutil do que o meu. 


Após os cumprimentos de praxe, logo fui indagando do meu amigo o que havia experimentado logo após o desencarne, e me respondeu com um brilho nos olhos, “muita leveza e olha que fui obeso.....” e juntos rimos felizes de sua agora “leveza”.


Continuamos alegres a nossa conversa e ele me fez a mesma pergunta e respondi com toda a espontaneidade “nada, no começo eu não senti mesmo é nada, pois eu parecia ser como parte do ar....depois fui entendendo que estava como você disse, mais leve e ai fui dando conta de que estava deixando para trás o corpo, que há pouco já seria velado por meus entes”


Depois das primeiras impressões, veio o assunto mais delicado, como estavam, na matéria, os nossos entes queridos após a nossa “perda”.


Bom.. foi ai que caminhamos e lembramos que a Deus pertence o destino de todos e que eles estavam como nós, seguindo adiante, a cada dia um novo rumo, a cada parada uma nova lição, a cada amanhecer um novo sorriso ou choro, mas que a cada nova existência, mas um degrauzinho subíamos até Ele. 


Estou aqui meus amigos para dar o meu testemunho de que a vida continua e que devemos sim nos preocupar com aquela bagagem que nos fará melhores ou piores deste lado da vida, onde nada mais se esconde, pois aqui a consciência é vida e perspicaz.


Por isso iniciem hoje a edificação de suas riquezas morais, das virtudes e do conhecimento que lhes servirão de belos passaportes para as moradas mais felizes que todos almejam alcançar.


Carreguem o coração cheio de amor e compaixão para com todos e verão, após a cortina da vida cair, levantar-se novamente, mas agora com o horizonte mais belo e terno que já pôde imaginar.


Que a luta contra nós, ou seja, contra tudo aquilo que nos impede ainda de ser como Ele, o Jesus de Nazaré, com o tempo se rompa.


Que assim seja.

Com amor.

Carlos.

Acompanhado por Pedro Paulo.”

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