terça-feira, 8 de outubro de 2013

Carta de um médium na espritualidade






“A vida que segue para cada ser é muito diferente do que cada um realmente espera de seu futuro.
Digo isso, pois muito já ocorreu comigo cujo engano logo se revelou, porém nenhuma surpresa me causou mais espanto do que a realidade que encontrei após a morte do corpo físico.
Tive a vida que quis seguir, os caminhos me foram generosos e, por algumas vezes, fiz uso de maneira inconsequente e abusivo de muitas das minhas faculdades mediúnicas.
Logo no inicio de minha vida a mediunidade mostrou os seus primeiros sinais e fiz com que aquilo se tornasse para mim, aos poucos, um ofício que até no último instante não me separei.
Ao longo do caminho desenvolvi minhas faculdades mediúnicas, com muito esforço e através de orientações amigas.
Aos poucos fui me tornando um discípulo da doutrina espirita e pude conviver com muitos amigos da seara do trabalho mediúnico.
A cada nova fase da minha missão eu me enchia de alegria ao poder ver que um pouco das minhas faculdades podia auxiliar tantas pessoas, desejosas de esperança e de fé na continuidade da vida, agora em espírito.
As reuniões eram quase sempre aos sábados, em uma pequena casa, humilde e simples, para que através de uma oração fervorosa ao Mestre pudéssemos iniciar os trabalhos, quase sempre de desobsessão, de encarnados e desencarnados.
Já nesta época pude ver como é o sofrimento daqueles que preferem viver com os seus corações endurecidos, em fuga da luz do Cristo.
Sempre foi para mim extremamente doloroso o sofrimento de todos aqueles seres, que demonstravam em suas expressões, quase sempre vistas por um companheiro com este dom, a perda da fé, o desânimo, a mágoa e o rancor, muitas vezes contra o próprio Deus.
A cada ser que podíamos levar uma palavra de conforto, amiga, cristalizada pela doutrina salvadora, sentíamos que mais uma batalha tinha sido vencida.
Tão logo retornei para vida espiritual encontrei deste lado aquele que foi o meu guia por tanto tempo, e que ansiosamente esperava o meu regresso, após o duro combate com uma doença que aos poucos me conduziu para o desencarne, até que dívidas do pretérito com a matéria fossem saldadas.
Ao retornar para a vida que é aquela que expressa em toda a sua extensão a verdade, me deparei com uma realidade que me causou espanto, pois não correspondia com o que esperava ainda sob o peso da carne.
Vi-me em local muito longe daquele que tanto pensei que encontraria.
Estava em local onde ainda imperava o desespero e a dor, ou seja, em longa enfermaria, no qual os mais diversos enfermos buscavam amparo para as suas enfermidades.
Estava no mesmo local em que tantas vezes pude saber de seus detalhes através da comunicação mediúnica psicofônica.
Tão longo regressei o que encontrei não foi o repouso, mas a continuidade do trabalho com os enfermos da alma.
Neste local não fui apenas auxiliar, mas também paciente, para a recuperação de danos causados em meu períspirito, em virtude da doença que me acometeu quando ainda na terra.
Logo após a minha recuperação passei a trabalhar juntamente com o meu amigo, que ainda me guiava, agora pelos caminhos de um santo hospital de socorro.
Voltei feliz ao trabalho, agora de perto dos enfermos que antes somente podia ouvir a narração de suas histórias.
Até hoje me dedico com amor ao trabalho que tão logo desencarnado me foi confiado e busco honrar a oportunidade que o Pai me deu.
Pergunta-se o porquê do meu espanto, e eu digo, não encontrei o descanso ou a esferas de luz, mas a luminosidade do trabalho caridoso que é o único que pode me conduzir à verdadeira salvação.
Há muitos medianeiros que na labuta diária de suas faculdades mediúnicas pensam que após o desencarne logo entrarão em moradas de luz e de paz.
Mas irão se espantar tanto quanto eu, pois somente terão pela frente a continuidade do trabalho a favor do próximo, senão a moradias em regiões umbralinas, se tiverem se entregado ao orgulho e a vaidade.
Medianeiros, não somos privilegiados, mas servidores, com dividas a serem quitadas como todos os demais irmãos.
Vivam em simplicidade e amanhã poderão receber, sem o meu espanto de ontem, o trabalho amigo que espera a cada um deste lado da vida.
Guiem-se pela simplicidade e humildade daquele que sempre será o nosso Mestre, Jesus, o Cristo.
Que assim seja.
Saulo
Orientado e assistido pelo amigo Pedro Paulo”

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