quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Carta de um jovem desencarnado aos jovens e aos pais.




“Que a paz do Cristo esteja conosco, pois está no meio de nós a sua vontade e o seu desejo de ver cada um superar as suas más tendências.

Na juventude muito pude ver que me desagradou, pois sabia que estava diante de provas que para mim seriam difíceis de superar, em virtude de meu estado evolutivo, sobretudo no campo da fé viva e verdadeira.

Esperava que meus pais fizessem para mim tudo que podiam para que o meu agrado fosse satisfeito, ainda que por mimo de minhas vontades, efêmeras e passageiras.

Fui um jovem rebelde que acreditava que os outros devem seguir o meu desejo e não eu a vontade da maioria.

Desprezei as lições de amor e caridade que recebia de benevolentes amigos da espiritualidade, que desejavam de coração o caminho reto e acertado para a minha melhora intima.

Meus pais, amigos de outras existências, entregaram-se ao engano, acreditando que ao me darem tudo e de tudo poderiam conter a minha angústia e o meu desejo.

Mas estavam enganados, pois do que eu mais precisava era de direção, para que pudesse escolher o melhor caminho a seguir, ainda que pela dor da palavra não, tão poucas vezes dita.

Sei que desejavam o meu bem e por isso sei que me amaram, e muito, mas sei que por algum motivo que ainda desconheço, não foram capazes de me enfrentarem.

Preferiram o caminho árduo e tortuoso do tudo pode, onde o precipício moral é local certo para a queda da vida.

Estive entre tantos amigos encarnados, mas preferi ignorar os conselhos que me eram dirigidos, pois acreditava que era o dono do meu próprio destino.

Sentia prazer em ter cada vez mais coisas que o consumo nos impele a adquirir, ainda que o prazer seja passageiro e perigoso.

Apegava-me ao que era duro de ser ver os outros terem e eu não.

Se puderam, eu também podia ter.

Assim, passei de pedinte a insistente, incansavelmente, de pais que me amavam, mas que não sabiam mais a escolha correta a seguirem.

Renderam-se ao meu gosto, ao meu prazer, e eu me comprazia com isso, como um vitorioso que vence sempre a guerra travada pelo seu orgulho e pelo seu egoísmo.

Viajava com amigos para os lugares mais distantes, para que o ópio da vida mundana e ingrata fosse a mais duradora possível.

Sabedor de que tudo aquilo nada mais era do que luxo de um garoto mimado e impertinente, mas jamais controlado, procurei a fuga dos meus problemas.

Encontrei a alucinação pelas drogas que me ofertaram e que a cada dia mais pegava de bom grado, pois entorpecia a minha mente ainda tão doente. 

Embebedei-me com o ócio, evitava o estudo e o trabalho, me entreguei nitidamente a desgraça intima, via muitos morrerem, mas nada abalava o meu desejo de desaparecer daquele cenário que entorpecia minha alma.

Via com desdém aqueles que procuravam o caminho reto da vida, pois eram para mim tolos, que não sabiam do que a vida realmente era feita.

Perdi o meu tempo, que curto que foi me levou ao cárcere da alma do outro lado vida quando fui chamado de volta pela incompetência de seguir adiante em caminho já falho por natureza.

Fui arrebatado pelas drogas e encontrei o exilio na espiritualidade, pois nem sequer tinha forças para enxergar a dura realidade que agora vivia.

Meu Deus como sofri, pela dependência econômica e moral que haviam desmoronado diante de mim.

Deste lado da vida não há quem lhe mime, mais sim quem lhe julgue, puna ou lhe inspire boas ações no campo da fé e da regeneração.

Fiquei muito tempo com os primeiros até que fui liberto das correntes que me prendiam a regiões tidas como infernais.

Via que o retorno a luz me causava até cegueira pelo brilho maravilhoso e por sua força redentora.

Encontrei o suporte que me faltava e hoje busco a compreensão que ainda não tenho de tudo que vivi.

Mas sei onde errei, foi na estrada que escolhi, aquela que carrega a nossa alma para o abismo do qual tão cedo não saímos. 

O orgulho e o egoísmo, somados com aquela vaidade desmedida, desenfreada, nos põe na contramão da vida necessária para o desfrute de nossas bênçãos até a escolha acertada no campo da vida eterna. 

Jovens que hoje labutam no campo da vida efêmera, enganosa e mentirosa, despertem, pois a hora de que necessitam é aquela que já passou, pois a cada dia perdido na batalha consigo mesmos é mais um que passarão a arrependerem o tempo perdido deste lado da vida. 

Vejam que apenas o bem pode gerar o bem e que não é sozinho que o praticamos, mas é vivendo em harmonia com o próximo, já que é diante das dificuldades da vida que superamos a nos mesmos. 

A droga que nos mata se chama ilusão, pois ela é filha cega do egoísmo. 

Vigiem a si mesmo, sabedores de que o chamado é para todos, mas os escolhidos são poucos.

Hoje estou com amigos queridos que me educam, e saudoso dos meus pais, agradeço a eles o amor que sempre tiveram por mim e os perdoo pelas falhas cometidas, pois também sou culpado por cada uma delas.

Mas pais usem de suas autoridades, aproveitam a infância de seus filhos e sejam educadores e não apenas criadores de crianças rebeldes e mal educadas que aprenderão com as duras lições da vida o caminho errado que seguiram. 

Dizer não é também um benevolente ato de amor.

Amem e eduquem, pois assim será a lição da vida para cada um de nós.

Que a paz do Cristo esteja em nós.

Com amor.

O espirito de um Jovem.

Orientado e guiado pelo amigo Pedro Paulo”

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