terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O testemunho de um espírito desencarnado - a vida do outro lado - primeira parte.




“Estive encarnado por muitos anos e vivi muitas coisas que me tornaram o que hoje sou deste lado da vida.

Sou o reflexo do que fui quando ainda encarnado, agora apenas liberto do peso da matéria.

Sou a visão do que fui na terra, agora presente por força da atuação do meu perispírito. 

Mas não quero falar com vocês sobre as coisas que envolvem a natureza dos espíritos, mas sim dar o meu testemunho.

Desencarnei vítima de um câncer que me levou de volta ao mundo dos espíritos após a expiação de muitas faltas, pagas com dor e sofrimento.

A cura para mim somente veio após o desencarne, quando o meu corpo doente retornou de volta para a sábia mãe natureza.

Os meus males físicos foram causadores de dores alucinantes, sendo que a ruptura dos laços que me prendiam a vida foi um presente de Deus à quem tanto sofreu. 

Mas a doença não teve outra causa que senão a minha própria conduta imprudente, na vida e na saúde, causando os males que desencadearam o meu desencarne. 

Fui algoz de muitas pessoas, não no sentido de violência física, mas sim moral, pois me achava o dono da verdade e o conhecedor de todos os mistérios da vida, o que me possibilitava julgar, condenar e punir quem quer que seja.

Que tolo eu fui, orgulhoso me levei pela vaidade e fui alvo fácil de muitos infelizes que como eu não desejava a edificação de riquezas morais, mas a soberba e a dor de nossos semelhantes. 

Tive muita riqueza e hoje meus herdeiros a consome como que à vingar todo o mal que lhes fiz quando ainda estava no veículo carnal que me conduzia a tantos erros. 

Ao invés de deixar a eles os exemplos edificantes, deixei a riqueza corrompida e mal vinda, que em nada tem auxiliado de fato o progresso de cada um.

Edifiquei a miséria moral, minha e de outros tantos. 

Conduzi-me na vida como um cego que mesmo batendo em obstáculos persiste no erro de querer seguir só, pelo orgulho, em busca do sucesso pela vaidade desmedida e prejudicial. 

Outro destino não podia ter, a não ser a expiação de faltas cometidas já nesta existência. 

Quando a luz da vida se apagou enxerguei deste lado apenas a escuridão das trevas morais que eu mesmo era merecedor. 

Não se tratava de punição propriamente dita, mas de colheita certa e certeira. 

Vislumbrei o lamaçal de emoções que me eram semelhantes, me uni por afinidade e vislumbrei tudo aquilo que vivi na terra, porém através de sua verdadeira aparência, ou seja, a imundice interior que cada ato ruim produz. 

E olha meus amigos que não estava sozinho, havia muitos e muitos na mesma situação.

Era tão incrível a cegueira que a coisa que mais fazíamos era competir quem tinha deixado mais riqueza para seus herdeiros e quem tinha conseguido ganhar mais dinheiro e ter mais poder. 

A maior diferença é que ao contrário da terra aqui tínhamos credores, que cobravam as nossas dívidas morais, muitos tinha sido vitimas de nossa ganância e de atos e palavras inescrupulosas. 

Tinham acreditado em nossas mentiras e agora exigiam reparação. 

Os governantes julgavam muitos de nós, sendo que alguns passavam de poderosos para escravos de seus algozes, que nada mais eram do que vítimas do passado. 

A força policial neste lugar era muito mais corrupta e má do que aquela que conhecíamos na terra, porém aqui o suborno não é em dinheiro, mas em promessas de poder e vingança. 

Fiquei nesta região por muito tempo até que aos poucos passei a sentir saudade de meus familiares, do amor deles, ainda que por mim não correspondido na época que estava encarnado.

Comecei a me lembrar dos meus pais que haviam me precedido no retorno a morada dos espíritos e me perguntava por que não haviam me recebido.

Passei a lembrar da FÉ.

Neste momento de minha vida deste lado veio o remorso e a necessidade de buscar amparo, foi quando, depois de muitos anos, passei a procurar, verdadeiramente, JESUS. 

Passei a necessitar do perdão de Deus e me entreguei aos prantos sentidos e verdadeiros, o que me levou a uma depressão por muitos anos.

Como aqui não podemos tirar a vida, pois descobrimos que além de impossível, somente a vida do corpo podemos verdadeiramente matar.

Forte luz se fez presente no horizonte, como outras vezes havia presenciado, era os bondosos socorristas que buscavam por nós, os orgulhosos do ontem, para conduzir-nos às novas moradas de mais paz. 

Desta fez parou na minha frente, não consegui sequer mover os lábios, pois não tinha mais força, me colocaram em uma maca e logo estavam me conduzindo embora daquela região.

Adormeci e quando acordei estava em uma ampla enfermaria em que bondosos espíritos corriam por todo lado em busca de novos irmãos para socorrer.

Meu Deus, quantos anjos. (embora não gostem que os chamem assim, pois dizem que não são merecedores, para mim são anjos de luz).

Meus amigos, nunca bebi tanta água e sopa na minha vida.

A cada gole um pouco das dores e das marcas da doença cancerígena iam embora e uma nova fisionomia eu ganhava.

Estava ganhando palidez. Isso mesmo. Estava pálido em espirito.

Meu Deus, quando pude sair por algum tempo daquela enfermaria, vislumbrei uma região muito vasta, que me pareceu um enorme hospital de socorro. 

Queridos amigos, para que não se torne cansativo para vocês e também para o nosso médium, continuaremos o meu testemunho no próximo dia.

Que Deus abençoe a cada um de nós.

Hoje e sempre.

Com amor.

Carlos Andrade.



Assistido pelo zeloso amigo Pedro Paulo”

Um comentário:

  1. Que linda mensagem. Cedo ou tarde todos nós precisaremos da fé verdadeira, em busca da paz.

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